sábado, 5 de agosto de 2017

eu queria a indecência de você falar pra mim tudo o que eu quero ouvir

eu queria que cê se sentisse saudade
eu sei, é maldade
querer isso pra alguém
mas seria pro meu bem
eu queria que cê falasse a vontade
sobre o quanto me quer também
sobre o quanto quer
minhas unhas cravadas na tua cintura
no quanto quer o vai e vem
dos meus quadris
nos seus quadris

eu queria que cê tivesse a decência de me falar que tá louca pra de novo me encontrar.
eu queria que cê fizesse a maldade de me contar
que tá com saudade de comigo se deitar.

eu ia dizer que é cruel
ia anotar seu endereço num papel
e pegar um trem pra ir
um ônibus pra qualquer lugar
pra chegar logo pra te abraçar
e viver tudo que eu sinto falta e nem conheci
te pedir um infinito dos teus dias
nessa vida
ou em outras mais

com a benção de todos os deuses astrais.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

já três da manhã

teu seio
teu cheiro
teu cheio no meu vazio
esperneio
peço a volta
da antiga ditadura que cura e amarra minhas mãos
ata-me
a escrever cartas dilaceradas de paixão, paixãos, paixões;
jogo-me em outros colchões
desesperada
aglutino o pouco que sobra de raciocínio para montar uma fala
me cala
quando a memória falha
e transforma o ontem no hoje.

"E se" [...]
a esfera da impossibilidade
agarrada a minha ansiedade
da minha impassibilidade
em não te esconder o que via dentro de mim
- é difícil enxergar assim
tão nítido
querida, não precisava que fosse assim, tudo tão ríspido - nem parece eu e você
era assim que era pra ser?


teu desespero
em não estar
onde eu queria exatamente ficar
me dói mais que respirar.

sábado, 26 de março de 2016

o dia que foi bem mais do que pareceu ser, e bem menos do que eu gostaria que fosse

"ter o fim bem no meio // Nenhuma rima em "or" //Um começo que não veio [...]"
Tristeza não, Metá Metá

De todas as peripécias que a vida poderia me propiciar, e peças que poderiam me ser pregadas, julgo-a por ter levado o que levava meu destino que tanto não ia, e tanto que foi, até você. Agarrei-me ao não na primeira noite, e jurei pra mim que assim seria. Não foi, não era pra ser. Por sua culpa, e dessa vez não vou eximir-lhe. Infortúnio do destino, me pegou de surpresa e se aproveitou do meu desatino em desacreditar que poderia fugir da sorte no azar. Desatenta. Deixei escapar que estava gostando de gostar de tal euforia que em mim se instalava - não pude negar, e quem é que pode? Fica tão na minha cara de babaca que sonha acordada e flutua sobre o caminho que faz entre a cama e o banheiro, entre o ralo e o cinzeiro, entre a fumaça e teu cheiro. Que cheiro? Nem sei. Não era teu. Fui por ti assegurada de que poderia deixar escapar coisas que gostariam de escapar, perguntas que queriam muito enormes e urgentes dúvidas sanar, que estava permitido não escapar de ti, que não deveria meter-me no plano do arrependimento sob o leite que estava no copo, pois o leite deve ser sempre jogado ao chão. Pisoteado, e espalhado por todo o quarto deixando pegadas brancas da noite branda que tive ao seu lado. Olha, não sinta-se especial, não teve nada de anormal, mas não devo negar que eu gostaria de saber onde mais tudo poderia dar. Seria uma mentira deslavada. Não sofro, é um sentimento novo, de quem fora interrompida num gozo, numa corrida, numa terapia, numa floricultura. Não sei dizer bem ao certo, mas talvez seja apenas uma curiosidade do que é sentir saudade de você. Talvez não seja nada, talvez seja exatamente o que deveria ser.
Ponho a ti nesta folha virtual, em letras tamanho 11 para que possa-me despedir como não pude, pois os tchaus são dramáticos demais até para mim. Até para mim.
Fiz de ti um poema, uma pena. Poderia ter sido uma história. - Você talvez seja o tipo que eu prefiro, que é o tipo que sempre prefere as estórias. E quem sou eu pra opinar? - Mas nossas luas que antes despiram-se devem então despedir-se sem nem pestanejar - Deus queira que eu consiga - pra nunca mais voltar. - Deus podia querer também, que elas pudessem querer de novo se encontrar, talvez num outro tempo, talvez num outro lugar.
Mas eu não quero mais dar sorte pro azar. Deixo então a ele decidir, pois já cantava o partido mais alto "Deus dará, Deus dará".

Por hora, esqueço o caminho que por breves minutos caminhei ao teu lado, guardo o beijo impedindo-me de por a isto tudo mais sentimentalismo - não posso evitar, eu gostaria de por isso me desculpar. Na verdade, sempre parece ter mais do que carrega, mas essa culpa, dessa vez é minha, em partes, desculpe também te enganar. Mas agradeço-te por mostrar-me que não há sofrimento aqui.  

Sorte a sua não ter que aguentar a minha rima pobre e falta de classe ao falar aquilo que não me cabe calar.

segunda-feira, 21 de março de 2016

desalinho

todo beijo sucede um momento
que tem medo de acontecer
toda hora acontece num tempo
que era, antes de tudo, pra ser
os acidentes do destino
nos levam aos percursos imperfeitos
os incidentes dos desatinos
nos deixam perfeitamente inteiros
pra todos os tempos serem a si
e aquele que fora, já não sê-lo
pois é assim (que tem que ser).
eu aceito as condições
das estrelas e dos astros
aceito que talvez - é certo
eu não possa seguir seus passos
não desconfio que já nem sou
o que e quem eu costumava ser
e isso não é minha culpa
foi algo que fez florescer.
mas há um pequeno mistério
em meio a todos esses porquês
que eu já não lembro as regras
e nem preciso entender
já que me basta ir
sem parar de apreciar
as nuances a minha volta
que eu espero que cuide de mim
e de levar "eu" onde "cê" tá.
as vezes.
não vai ser sempre, pode deixar.

deixa tuas cores no ar
que é pra eu de longe
continuar a te olhar
(e não pare de brilhar)
eu não penso que seja de bom tom da minha parte
- nunca pensei que fosse -
a ideia de só eu poder te ver dançar
é que faz arte o seu passar,
e nem quero
então, te peço
seja
como
for
só não deixe de brilhar.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Pode ser que seja tudo, ou nada. Pode ser que nem seja.

Quem te garante que as suas escoras
não são apenas estórias 
que você mesmo criou
pra limitar o teu poder?
Quem vai dizer que as minhas escoltas
não são apenas respostas
dos medos que eu aprendi ter?
Quem sabe ao certo,
bem de perto
que o que eu vivi
é tudo que eu já vi?
Se pode ser tudo criado,
só me esperando parado
e já estava pré-destinado 
a fazer curvas e rimas.
Se minha vida já tem onde desaguar,
como é que eu posso saber que sou eu quem está
no barco a guiar?

domingo, 17 de maio de 2015

Um tiquinho pra chegar, espero o dia não acabar

esperar um pouco
pra sentir seu 
corpo
faz parte.
faz arte,
sua mão em mim,
nossos beijos
sem fim.
proclamar com maestria
o fim do dia
com a nossa alegria
pro mundo todo saber
que eu quero é você
me desculpe a monarquia
(e a rima pobre)
mas você é minha rainha
mesmo não sendo nobre.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Dois pra lá, e dois pra cá

Me deixa ser seu par,
eu não quero te ensinar a amar
não tenho a pretensão
de ser sua paixão.

Olha, não me leve a mal
mas eu só quero dançar.
Eu prometo,
eu não vou voltar.
Nem amanhã, 
e nem depois.

E você,
nem precisa se preocupar em pensar em nós dois.

Eu só quero me acabar,
então por hora,
me permita ser seu par.
Eu só quero sambar,
pois já cansei dessa valsa de amar.